“Mawé – O Filme” faz estreia no Teatro Amazonas com enredo pulsante sobre identidade, dor e resistência
Produção amazonense leva à tela uma história de coragem e ruptura com raízes ancestrais, em meio a uma realidade urbana marcada por violência e invisibilidade
A arte feita na Amazônia ganha fôlego e ousadia com a chegada de “Mawé – O Filme”, que estreia no próximo dia 28 de maio, no Teatro Amazonas, com exibição gratuita e aberta ao público. A obra, escrita e dirigida por Jimmy Christian, mergulha na trajetória de um jovem indígena forçado a escolher entre seguir o destino traçado pela tradição ou arriscar tudo em busca de uma nova identidade.
Inspirado nas dores e contradições da juventude indígena, o filme começa com Mawé, um rapaz do povo Sateré-Mawé, recusando o temido ritual das luvas de formiga tucandeira — um dos mais emblemáticos ritos de passagem da floresta. Expulso da aldeia e tomado por conflitos internos, ele deixa para trás a mata e vai viver nas margens da cidade, onde se depara com novas formas de violência: preconceito, exploração sexual, abandono, silenciamento.
Em meio ao caos urbano, Mawé reencontra o amor e, por meio dele, redescobre partes esquecidas de si mesmo. É nesse espaço entre o passado e o presente, entre o sagrado e o profano, que o filme constrói sua força narrativa — misturando elementos de drama, erotismo, espiritualidade e denúncia social.
O elenco é formado por nomes da nova cena artística local, com destaque para intérpretes indígenas e periféricos, dando ainda mais autenticidade à proposta da obra. A trilha sonora mistura ritmos amazônicos e sons eletrônicos, criando uma ambiência inquietante que acompanha as escolhas do protagonista.
“Mawé – O Filme” é mais do que um longa. É um grito. Um retrato cru da solidão e da força de quem tenta sobreviver entre mundos que não se entendem. E, sobretudo, um lembrete poderoso de que os povos da floresta continuam aqui, vivos, lutando por visibilidade, respeito e futuro.
A estreia será uma noite especial, no coração de Manaus, no palco onde a cultura amazônica encontra sua maior vitrine. Uma oportunidade para se emocionar, refletir e reconhecer as muitas camadas que formam nossa identidade coletiva.