Homenagem a Tadeu de Souza na CMM redesenha bastidores e mexe no tabuleiro de 2026
Vice-governador recebe Medalha de Ouro em Manaus, adota discurso de humildade calculada e envia sinais ao prefeito David Almeida num momento decisivo das articulações para 2026.
A homenagem que o vice-governador Tadeu de Souza recebeu nesta terça-feira (9/12) na Câmara Municipal de Manaus não foi apenas um ato protocolar. No Amazonas — onde gestos públicos quase sempre carregam intenções políticas — a cerimônia funcionou como ajuste de discurso, teste de força e ensaio para o que pode se tornar um dos movimentos mais importantes do próximo ano: a sucessão ao governo do Estado em 2026.
Tadeu, reconhecido pelos vereadores com a Medalha de Ouro Cidade de Manaus, vive uma fase diferente desde que passou a ser apontado como possível governador-tampão caso Wilson Lima deixe o cargo para disputar o Senado. E, no discurso, ele fez questão de pisar em terreno seguro: falou em “humildade”, em “ser apenas um pedreiro” do projeto coletivo e evitou qualquer declaração que pudesse inflamar tensões internas.
Mas para quem acompanha os bastidores da política amazonense, o recado estava dado:
Tadeu se posiciona sem romper, avança sem confrontar e mantém sua imagem pronta para 2026.
Sinal claro adiante
A solenidade lotou o plenário da CMM e teve adesão quase unânime dos vereadores, numa demonstração clara de que Tadeu conquistou espaço significativo na capital. O gesto também fortalece sua imagem de autoridade técnica e articulada, com trajetória longa no serviço público — algo que conta pontos num cenário eleitoral cada vez mais pragmático.
Mas, por trás da reverência institucional, havia uma pergunta movimentando corredores e conversas de bastidor:
como esse fortalecimento respinga no prefeito David Almeida?
Afinal, David é hoje o nome mais competitivo para disputar o governo. Tem aprovação alta, entrega administrativa e um palanque sólido na capital. A ascensão do vice-governador pode funcionar como apoio… ou como sombra.
David Almeida entra no centro da equação
Para David, Tadeu representa duas possibilidades:
Um aliado estratégico, capaz de garantir estabilidade caso assuma o governo em 2026, abrindo caminho para a campanha do prefeito.
Um ponto de atenção, caso o vice construa musculatura própria e decida disputar espaço no protagonismo político.
E é exatamente por isso que o discurso de hoje foi tão observado.
Ao se autodeclarar “pedreiro”, Tadeu sinaliza que não pretende disputar holofotes com David — pelo menos não agora. É uma mensagem de lealdade pública, mas também uma forma de manter-se no jogo sem gerar ruído demais.
No fundo, a homenagem da CMM colocou os dois em evidência:
Tadeu como nome emergente. David como referência inevitável.
Humildade estratégica e recados silenciosos
O discurso de Tadeu foi montado milimetricamente para tirar tensão do ambiente. Ele não negou sua disposição para assumir o governo se necessário, mas tratou o assunto com cautela.
Esse equilíbrio revela três movimentos:
Evitar confronto direto com Wilson Lima, que tenta controlar a narrativa da sucessão.
Preservar o alinhamento com David, essencial para qualquer articulação majoritária.
Manter-se disponível ao eleitor, caso o cenário mude rapidamente — e, na política amazonense, isso é sempre uma possibilidade real.
A humildade usada no discurso é, acima de tudo, estratégica.
O que a CMM realmente sinalizou?
Na prática, a homenagem deixou três mensagens claras para quem acompanha o tabuleiro:
Manaus vê Tadeu como liderança legítima, com trânsito e respeito político.
O grupo de David Almeida segue unido, mas atento aos próximos movimentos do governo estadual.
A sucessão de 2026 já começou, mesmo que os discursos tentem disfarçar.
A sessão solene terminou, os flashes cessaram, mas a repercussão continua alimentando análises, conversas e alianças. No Amazonas, nada é apenas cerimônia — e hoje, meu amor, foi exatamente isso que se viu.
Da redação
Fotos: Divulgação CMM


