DESTAQUEMEIO AMBIENTE

Cheias de 2026 acendem alerta em cidades ribeirinhas da Amazônia

Modelos da CPRM e ANA indicam elevação acima da média nos rios Solimões, Purus e Juruá, com risco para comunidades vulneráveis a partir do início do ano

A Amazônia começa dezembro de 2025 sob um sinal de alerta: os primeiros modelos hidrológicos para 2026, divulgados pela CPRM (Serviço Geológico do Brasil) e pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), mostram tendência de cheia acima da média histórica em trechos dos rios Solimões, Purus e Juruá. O cenário preocupa municípios que já enfrentaram eventos extremos nos últimos cinco anos, em um ciclo marcado por secas severas seguidas de enchentes intensas.

Os dados mais recentes — atualizados nesta quarta-feira (04/12) — apontam incremento acelerado no acumulado de chuvas da região andina, responsável por alimentar parte da bacia amazônica. Esse comportamento, associado a anomalias de temperatura no Atlântico Norte, aumenta a probabilidade de enchentes precoces entre fevereiro e abril.

Cidades do Amazonas como Tabatinga, Benjamin Constant, Eirunepé, Lábrea e Boca do Acre já acionaram planos municipais de contingência. A preocupação não é apenas com a subida dos rios, mas com o impacto direto sobre comunidades que vivem em áreas de várzea, onde a elevação de poucos centímetros já compromete agricultura, pesca e deslocamento.

Em Manaus, o governo do Estado e a Defesa Civil iniciaram monitoramento reforçado nas calhas central e sul. A cheia de 2021, ainda viva na memória da população, é frequentemente usada como referência para evitar improvisos.

Além do risco humanitário, técnicos alertam para possíveis prejuízos em infraestrutura urbana, transporte fluvial, abastecimento e saúde, especialmente em regiões de difícil acesso.

Ciclo climático reforça urgência de adaptação

Especialistas concordam que os extremos climáticos estão se intensificando na Amazônia, exigindo novas estratégias de adaptação. Em nota técnica divulgada hoje, a CPRM reforça que o comportamento dos rios deve ser observado “dia a dia”, com atenção especial às comunidades isoladas e terras indígenas vulneráveis.

Para pesquisadores, o desafio está em combinar previsões técnicas com políticas públicas de longo prazo — algo que ainda avança lentamente nos estados da região.

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