CULTURA & IDENTIDADE AMAZÔNICA

Sabores da ancestralidade unem fé e cultura em Parintins com o projeto “Para além do Ajeum”

Iniciativa da cozinheira Maria Alcineia celebra a etnogastronomia afro-brasileira e amazônica, promovendo resistência cultural e valorização dos saberes ancestrais

A culinária como expressão de identidade e resistência ganha destaque em Parintins com o projeto “Para além do Ajeum”, idealizado pela cozinheira Maria Alcineia, que propõe um mergulho nos sabores e significados da etnogastronomia afro-brasileira e amazônica. A iniciativa, que integra o ciclo de palestras “Ajeum – Cultura e Resistência”, busca resgatar tradições culinárias como forma de afirmação cultural e espiritual, valorizando práticas alimentares ancestrais que atravessam gerações.

Com o apoio do Conselho Estadual de Cultura e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC), além de incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), o projeto se estrutura como uma ação sociocultural que reforça a culinária como linguagem de pertencimento e respeito à diversidade.

Ajeum: o alimento como símbolo de união e fé

O termo ajeum, de origem iorubá, significa “comer juntos” ou “refeição em grupo”, prática que transcende o ato de se alimentar e se transforma em rito de comunhão espiritual e social. No contexto do projeto, o ajeum é apresentado como elemento de resistência cultural, diálogo inter-religioso e celebração da vida.

Durante o ciclo de palestras, estudiosos e praticantes da culinária afro-brasileira abordarão temas ligados à ancestralidade alimentar, identidade cultural e combate à intolerância religiosa. A culminância do projeto será no dia 20 de novembro, data que marca o Dia da Consciência Negra, com uma mostra gastronômica no Terreiro de Umbanda e Centro Cultural Ogum Beira-Mar e Cabocla Mariana, em Parintins, a 369 quilômetros de Manaus.

Oficinas e saberes que resistem no prato

A programação inclui oficinas práticas voltadas à etnogastronomia do ajeum, nas quais serão trabalhados sete tipos de alimentos simbólicos da culinária afro-amazônica. Essas oficinas promoverão o aprendizado coletivo e o fortalecimento dos laços entre fé, tradição e alimentação.

“O projeto busca resgatar e difundir a importância do ajeum nos terreiros de Umbanda, promovendo o respeito à diversidade cultural e religiosa por meio da culinária, um elo que conecta história, fé e identidade”, explica a proponente Maria Alcineia, idealizadora da iniciativa.

A comida como memória e resistência

Mais do que uma experiência gastronômica, “Para além do Ajeum” é um convite à reflexão sobre o papel da alimentação como herança e resistência dos povos afrodescendentes e amazônidas. Ao unir espiritualidade, arte e culinária, o projeto reafirma o poder do alimento como veículo de memória, diálogo e transformação social.

Fotos: Divulgação

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