Comunicadores indígenas assumem protagonismo nas narrativas da floresta
Evento promovido pela Fundação Amazônia Sustentável reúne representantes dos nove estados da região em oficinas práticas de comunicação, reforçando a importância de narrativas produzidas pelos próprios povos originários
Manaus recebe nesta semana o Encontro de Comunicadores Indígenas da Amazônia, promovido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS). O evento reúne representantes de povos indígenas dos nove estados da região para uma agenda que começou nesta quarta-feira (08/10) e vai até sexta-feira (10/10), com oficinas práticas em rádio comunitária, produção audiovisual, jornalismo digital e comunicação comunitária.
A proposta é oferecer formação técnica e estimular a troca de experiências entre jovens comunicadores indígenas, ampliando a rede de comunicação amazônica. O encontro acontece na sede da FAS, em Manaus, espaço que ao longo dos anos tem se consolidado como polo de debates e capacitações voltadas para sustentabilidade e protagonismo social.
Um espaço de disputa de narrativas
Mais do que capacitação, o encontro é um gesto político. Ao assumirem a produção de conteúdos, os comunicadores indígenas disputam espaço com narrativas externas, registram o cotidiano das comunidades e denunciam violações de direitos.
Para Virgílio Viana, superintendente-geral da FAS, “o fortalecimento da comunicação indígena é essencial para que a Amazônia seja narrada por quem vive e protege a floresta. É um compromisso com a pluralidade e com a democracia”.
Vozes que ecoam da floresta
Durante as oficinas, os participantes ressaltam que a comunicação é também ferramenta de resistência. Tuniel Mura, jovem comunicador do povo Mura, afirma: “Estamos aqui para aprender, mas também para ensinar. A nossa fala carrega a memória dos nossos ancestrais e mostra que a Amazônia não é apenas um território, é um modo de vida que precisa ser respeitado”.
A programação inclui ainda rodas de conversa sobre fake news, segurança digital e uso estratégico das redes sociais, temas fundamentais num contexto em que a Amazônia é alvo global de pressões econômicas e ambientais.
Por que importa
O encontro fortalece uma rede que conecta aldeias, associações comunitárias e centros urbanos, ampliando o alcance das vozes indígenas em diferentes formatos — do rádio tradicional aos podcasts, dos jornais comunitários aos vídeos em plataformas digitais.
Essa construção coletiva reforça que dar voz aos povos originários não é apenas ampliar o repertório da comunicação amazônica, mas também garantir o direito à autodeterminação das comunidades e a preservação de identidades culturais.
O evento encerra na sexta-feira (10/10), mas deixa como legado uma rede fortalecida de comunicadores indígenas comprometidos em mostrar ao Brasil e ao mundo que a Amazônia precisa ser contada por quem a habita, preserva e defende.