DESTAQUESETOR PRIMÁRIO

Feira do Distrito Agropecuário da Suframa cresce e aproxima interior do Polo Industrial

Segunda edição da feira dobra público e reforça papel do DAS na segurança alimentar, geração de renda e economia circular da Zona Franca

Manaus — A 2ª Feira de Empreendimentos e Negócios do Distrito Agropecuário da Suframa (DAS), realizada nos dias 16 e 17 de setembro na sede da Autarquia, consolidou o espaço como vitrine estratégica para o desenvolvimento rural e a integração entre o campo e a indústria. Com mais de 40 mil visitantes em dois dias — o dobro da edição anterior, segundo a organização — o evento reuniu cerca de 70 expositores e movimentou cadeias de produção de alimentos, insumos e serviços com foco no abastecimento do Polo Industrial de Manaus (PIM).

O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, destacou que o crescimento do evento mostra a força do Distrito Agropecuário como novo polo de integração entre o interior e a indústria de Manaus.

“Esta edição mostra que o DAS não é apenas o cinturão verde de Manaus, mas uma engrenagem econômica que pode garantir segurança alimentar, abastecimento contínuo e desenvolvimento rural para toda a região metropolitana. Nossa meta é aproximar de forma definitiva os produtores do PIM, reduzindo custos logísticos e fortalecendo a economia regional”, afirmou Bosco.

A Suframa mapeia produtores de Autazes, Careiro, Iranduba e Novo Airão para ampliar a presença na próxima edição, com apoio do Idam e da ADS, fortalecendo cadeias de hortifrúti, proteína animal, grãos e insumos orgânicos.

Inovação e expansão

Entre os destaques estiveram a Granja São Pedro, que apresentou ovos pasteurizados prontos para uso industrial; a Hidroponia Lucas Coronel, que levou hortaliças frescas produzidas em sistema fechado e sem agrotóxicos; a Cardume Pescado, com couro e filés de pirarucu; e cooperativas com mandioca processada, flores tropicais, mel e derivados do cacau.

A feira também contou com rodadas de negócios que aproximaram agricultores e grandes consumidores industriais, além da presença de instituições de crédito oferecendo linhas do Pronaf e programas de fomento rural.

“Vendemos toda a produção que trouxemos e já saímos com contratos agendados com duas empresas do Distrito Industrial. Isso muda o patamar do nosso trabalho”, comemorou Maria Nazaré Nogueira, 46 anos, produtora de mandioca e farinha do Careiro da Várzea.

Ecoadubo

Um dos pontos mais elogiados foi o projeto Ecoadubo, da VV Refeições, que transforma diariamente resíduos orgânicos de mais de 240 mil refeições/dia do PIM — como cascas de ovos e borra de café — em adubo orgânico certificado.

Mais de duas toneladas do composto foram distribuídas durante a feira, beneficiando especialmente agricultores familiares de Iranduba e Autazes.

“Esse adubo faz diferença porque é de qualidade e de graça. Para quem cultiva hortaliças, reduz muito o custo da produção”, disse Raimundo Costa, 52 anos, horticultor de Iranduba.

Desafios que travam DAS

Apesar do avanço institucional e do aumento da visibilidade, o DAS ainda enfrenta entraves estruturais que limitam seu potencial produtivo. Entre eles, estão a logística precária: muitas vicinais do distrito ficam intrafegáveis no período chuvoso, encarecendo o transporte e causando perdas de produtos perecíveis; falta de armazenagem e refrigeração: boa parte da produção de proteína animal, hortifrúti e laticínios não consegue manter padrão de conservação até chegar aos grandes compradores do PIM.

Também fazem parte deste rol, a burocracia sanitária e tributária: pequenos produtores relatam dificuldade para obter selo de inspeção, nota fiscal eletrônica e formalização, o que os impede de vender para empresas de maior porte; e a carência de assistência técnica: apesar da atuação do Idam, muitos agricultores ainda não recebem acompanhamento agronômico contínuo, limitando ganhos de produtividade e de regularidade no fornecimento.

“Temos mercado garantido e vontade de produzir, mas precisamos de estrada, energia e apoio técnico para conseguir atender o PIM o ano todo”, resume João Ferreira, 39 anos, criador de frango caipira no município de Autazes.

Futuro do DAS

Segundo estimativas da própria Suframa e de estudos elaborados pela ADS e o Idam, o Distrito Agropecuário movimenta atualmente cerca de R$ 280 milhões por ano em produção agropecuária formal e informal.

A meta da autarquia é, até 2030, alcançar um faturamento anual próximo de R$ 1 bilhão, com pelo menos 5 mil empregos diretos e 15 mil indiretos vinculados às cadeias de produção, logística e agroindústrias do DAS e do entorno de Manaus.

Para atingir esse patamar, o plano estratégico deve incluir a duplicação da área produtiva do distrito (hoje com cerca de 28 mil hectares em uso); implementação de entrepostos de armazenagem refrigerada e uma central de abastecimento;  atração de agroindústrias de processamento de alimentos e insumos para instalar galpões no próprio DAS; e a ampliação da participação de produtores dos municípios vizinhos de Careiro, Autazes, Iranduba e Rio Preto da Eva.

“Se transformarmos o DAS em uma base logística abastecedora do PIM, reduziremos drasticamente a dependência de alimentos vindos de fora e geraremos milhares de empregos locais”, afirmou Bosco Saraiva.

📍 Por que isso importa 📍

Reduz dependência de alimentos trazidos de fora da região Norte

Gera empregos e renda nos municípios do entorno de Manaus

Estimula economia circular e aproveitamento de resíduos industriais

Reforça a segurança alimentar da capital e do Polo Industrial

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