Datas cívicas perdem espaço no calendário e pedem nova leitura no imaginário amazônico
Elevação do Amazonas a província (5 de setembro) e Independência do Brasil (7 de setembro) já não mobilizam multidões como no passado; novas formas de celebração emergem
Há 175 anos, em 5 de setembro de 1850, o Amazonas foi elevado à categoria de província, desmembrando-se do Grão-Pará e consolidando sua autonomia política e administrativa. Dois dias depois, o país celebraria, em 7 de setembro, a Independência do Brasil. Durante muito tempo, essas datas foram marcos de festividade cívica, com desfiles, fanfarras escolares e participação popular intensa. Hoje, porém, os eventos parecem restritos a cerimônias oficiais e a um público específico.
Do civismo às novas práticas culturais
Pesquisadores e educadores apontam que três fatores explicam essa mudança: a fragmentação das agendas cívicas, a polarização política recente — que desgastou símbolos nacionais — e a reconfiguração cultural, que desloca a celebração para eventos de massa mais diversos, como festivais urbanos e manifestações artísticas. Em Manaus, o desfile cívico-militar no Sambódromo persiste, mas o centro histórico será ocupado, na mesma semana, pelo Sou Manaus – Passo a Paço, com shows, teatro e gastronomia.
O desafio, dizem especialistas, é ressignificar as datas para as novas gerações, ligando memória histórica e identidade cultural a práticas contemporâneas. Nesse sentido, relembrar a criação da Província do Amazonas e a Independência não é apenas revisitar o passado, mas reafirmar a capacidade de um povo em reinventar suas formas de pertencimento.
📌 Linha do tempo do Amazonas e do Brasil
1822 – Independência do Brasil (7 de setembro)
1850 – Lei nº 582 cria a Província do Amazonas (5 de setembro)
1962 – 5 de setembro passa a ser também Dia da Amazônia
2025 – Desfiles cívicos convivem com festivais culturais urbanos