Recapeamento devolve memória e vida à travessa Frei Lourenço
Obra da Prefeitura de Manaus resgata a importância histórica da via e reforça o comércio no coração da cidade
A travessa Frei Lourenço, pequena em extensão, mas gigante em significado para o centro histórico de Manaus, voltou a respirar os ares de tempos mais vibrantes. Nesta quarta-feira, 27/8, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), concluiu o recapeamento da via, inserindo-a na lista de ruas que estão sendo devolvidas à população por meio do projeto Mutirão no Bairro.
Foram aplicadas 80 toneladas de massa asfáltica em seus cerca de 100 metros, um investimento que vai além da mobilidade urbana: é também um gesto de preservação da memória e de estímulo ao comércio. Por décadas, a travessa Frei Lourenço foi passagem diária de estudantes, trabalhadores, feirantes e moradores, sustentando o cotidiano da região central. Hoje, renovada, ela resgata esse papel, agora com mais segurança e dignidade.
O vice-prefeito e secretário municipal de Obras, Renato Júnior, destacou o simbolismo dessa ação no processo de valorização do centro histórico.
“O Centro está sendo devolvido às pessoas. Cada rua recapeada significa mais mobilidade, mais segurança, mais turismo e valorização para o comércio. Essa é a marca da gestão do prefeito David Almeida, transformar para avançar, sempre com foco em quem vive e trabalha em Manaus”, afirmou.
Entre passado e presente
A travessa Frei Lourenço é mais que um caminho: é parte de uma geografia afetiva que atravessa gerações. Situada entre referências icônicas como a Praça Dom Pedro II, o Mercado Adolpho Lisboa, o Porto de Manaus e a Igreja de São Sebastião, a via conecta o cotidiano popular ao esplendor arquitetônico do centro histórico.
Quem viveu os anos dourados do comércio manauara recorda o burburinho dos bondes que cortavam as ruas até os anos 1950, o entra e sai de fregueses nos armarinhos, sapatarias e confeitarias, e o som dos pregões ecoando entre casarões de azulejos portugueses. A Frei Lourenço sempre foi um atalho pulsante, onde estudantes se cruzavam com comerciantes, ribeirinhos recém-chegados ao porto e senhoras que vinham às compras no coração da cidade.
Hoje, ao ser recuperada, a rua resgata esse elo com o passado, mas também se abre como espaço de novas histórias.
Para estudantes como Vânia da Silva Nascimento, 41 anos, o novo asfalto representa não apenas praticidade, mas também um respiro no dia a dia corrido. “Estávamos precisando muito desse serviço. Muitos alunos vêm de moto ou carro e os buracos dificultavam bastante. Agora a rua está linda, ficou um trabalho ótimo! Agradeço à Prefeitura de Manaus por essa iniciativa que faz diferença no nosso dia a dia”, comemorou.
O Centro histórico: riqueza, cultura e resistência
O centro de Manaus foi o palco mais emblemático do período áureo da borracha, no final do século XIX e início do século XX. Entre ruas estreitas como a Frei Lourenço e avenidas imponentes como a Eduardo Ribeiro, desfilavam comerciantes, seringalistas e estrangeiros que movimentavam um comércio efervescente e sofisticado.
Os cafés e confeitarias da época, como o Café do Comércio, eram espaços de encontro da elite, enquanto os armazéns do entorno serviam como ponto de abastecimento para famílias inteiras. Ali se misturavam idiomas, sotaques e culturas, compondo o mosaico humano que fez de Manaus uma capital cosmopolita.
A arquitetura europeia, refletida nos casarões e praças, ainda guarda marcas desse esplendor. Recuperar a travessa Frei Lourenço, nesse sentido, é mais que uma obra: é um ato de respeito à memória coletiva e à identidade da cidade.
Revitalização que impulsiona
O recapeamento da travessa Frei Lourenço integra um conjunto de ações que visam devolver vitalidade ao coração de Manaus. Cada via recuperada fortalece o comércio local, estimula o turismo e reafirma o centro histórico como ponto de encontro da cidade.
Mais do que massa asfáltica, a obra devolve um pedaço da história manauara. É a cidade olhando para frente sem esquecer do que já foi — um convite à população para redescobrir o Centro, caminhar por ruas que ainda guardam o cheiro da borracha, o eco dos bondes e a memória de uma Manaus que segue viva, transformada e resistente.
Fotos: Divulgação