Norte é centro das discussões no Manaus Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas
O 21º SINAOP abriu e debates sobre sustentabilidade e integração no Tribunal de Contas do Estado Amazonas, que reuniu mais de 300 participantes na capital amazonense
Manaus abriu, nesta segunda-feira (18/8), um dos encontros mais relevantes da engenharia pública nacional: o 21º Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas (SINAOP), sediado pelo Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM). A abertura do evento, que também marca os 25 anos do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop), reuniu cerca de 300 participantes — entre engenheiros, gestores, acadêmicos e representantes de órgãos de controle de todo o Brasil — e lançou luz sobre os desafios de pensar infraestrutura em um país continental e diverso.
Com o tema “Infraestrutura para um Brasil Sustentável e Integrado”, o simpósio segue até sexta-feira (22), trazendo 22 palestras, nove artigos científicos, cinco minicursos, duas conferências e uma mostra institucional paralela. A programação inclui ainda a participação de representantes da sociedade civil, da Polícia Federal, do DNIT, da Casa Civil e dos ministérios do Meio Ambiente, dos Transportes e do Planejamento e Orçamento.
Norte como centro da discussão
Ao abrir oficialmente os trabalhos, a conselheira-presidente do TCE-AM, Yara Amazônia Lins, destacou o simbolismo de receber o evento na região.
“Trazer o SINAOP para o Norte do Brasil é mais do que uma decisão estratégica, é um gesto de valorização da nossa realidade e de reconhecimento da importância de pensarmos soluções a partir do nosso território”, afirmou.
A fala reflete a crescente preocupação de que as particularidades amazônicas — da logística às condições climáticas — estejam no centro do planejamento das obras públicas, tema que permeou as principais mesas de debate.
Sustentabilidade como premissa
Na abertura, a presidente do Ibraop, Adriana Portugal, fez um alerta sobre a urgência de integrar inovação e responsabilidade ambiental à engenharia.
“Nossa população tem celular na mão e o pé na lama. Essa realidade precisa mudar. A sustentabilidade precisa ser premissa de projeto. Não podemos fazer hoje algo que vá atrapalhar o amanhã”, disse.
A fala foi acompanhada de experiências práticas: o diretor de Controle Externo de Obras do TCE-AM, Euderiques Pereira Marques, relatou os desafios de fiscalizar obras no interior do Amazonas, onde auditorias muitas vezes acontecem em comunidades alagadas e de difícil acesso.
“Não podemos ter o mesmo olhar de uma obra no interior para uma obra na cidade. O timing é decisivo e a comunidade precisa saber que tem pessoas que olham por elas”, afirmou.
Realidade urbana e inclusão
Na mesma mesa, o diretor-presidente da Águas de Manaus, Pedro Augusto Freitas, trouxe um retrato da capital amazonense.
“Manaus é uma das maiores capitais do país, mas 53% da cidade está em áreas informais. Não basta a cidade se adaptar à nossa operação, nós precisamos adaptar a operação à cidade”, destacou, reforçando a necessidade de políticas que considerem a complexidade urbana.
Peso nacional e projeção internacional
A realização do SINAOP em Manaus confere destaque à região no debate nacional sobre infraestrutura. A presença de órgãos federais, associações de tribunais de contas e entidades profissionais — como a Atricon, o IRB, o CNPTC, a Audicon, a Ampcon, a Abracom e a ANTC — amplia o alcance do evento, que conta também com apoio institucional da Caixa Econômica Federal e do Confea.
Mais do que um encontro técnico, o simpósio transforma Manaus em vitrine das discussões sobre o futuro das obras públicas no Brasil. Com debates que vão do financiamento de grandes projetos à inovação em auditoria, passando por sustentabilidade, fiscalização e inclusão social, o XXI SINAOP reforça o papel estratégico da Amazônia no desenvolvimento nacional.