Manaus investe em tecnologia, logística reversa e participação popular para transformar a gestão de resíduos
Prefeitura aposta em ações inovadoras, como o Depósito Verde e o Disk Semulsp, para combater lixeiras clandestinas e fortalecer a economia circular na capital
A transição para uma cidade mais limpa, resiliente e sustentável não é mais uma opção — é uma urgência. Em Manaus, essa mudança de mentalidade começa a ganhar corpo com ações da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), que unem tecnologia, educação ambiental e combate ao descarte irregular. Mais do que limpeza imediata, o objetivo é criar um sistema de economia circular, capaz de transformar resíduos em valor econômico e social.
No centro dessa estratégia está a convicção de que “investir em sustentabilidade é lucrar com o futuro”. Cada real aplicado em prevenção, reciclagem e conscientização reduz custos com saúde pública, combate a enchentes e recuperação ambiental. Além disso, abre novas frentes de geração de renda e estimula o comportamento cidadão.
Inovação com propósito
O Depósito Verde, anunciado pelo prefeito David Almeida em 11 de agosto, é um exemplo emblemático dessa visão. A primeira máquina de coleta seletiva idealizada e produzida na Amazônia permite que o cidadão deposite recicláveis, acumule pontos e troque por benefícios. Com design modular e tecnologia para identificar produtos de alto impacto ambiental, o sistema ainda se financia com publicidade exibida na própria máquina. O lançamento oficial está previsto para o festival #SouManaus Passo a Paço 2025.

Outra frente é o Disk Semulsp, que substitui o antigo Disk Limpeza. O canal via WhatsApp centraliza denúncias de lixeiras clandestinas e solicitações de coleta de entulhos, galhadas e resíduos volumosos. São quatro linhas de atendimento de segunda a sexta-feira, das 7h às 16h, garantindo resposta rápida às demandas da população.
Combate estruturado às lixeiras irregulares
A expansão das caixas coletoras de polietileno também reforça o combate ao descarte irregular. Hoje, 168 unidades estão instaladas em áreas críticas, com meta de chegar a 2 mil. Em alguns pontos, a substituição das antigas lixeiras viciadas vem acompanhada de jardins e ações de paisagismo, devolvendo dignidade ao espaço urbano e criando barreiras simbólicas contra o acúmulo de lixo.

Além disso, forças-tarefa de limpeza atuam inclusive aos domingos e feriados, com apoio de caminhões, retroescavadeiras e equipes de campo, numa ação constante para remover resíduos e evitar a reincidência de pontos de lixo.
O desafio da continuidade

Embora as ações mostrem avanços concretos, a sustentabilidade verdadeira exige constância e integração. A tecnologia só cumpre seu papel se houver manutenção, fiscalização eficiente e engajamento real da população. O Depósito Verde pode revolucionar a coleta seletiva, mas precisa ser replicado em escala e acompanhado de campanhas educativas. As caixas coletoras podem reduzir lixeiras clandestinas, mas sem fiscalização e conscientização, elas podem virar depósitos de resíduos inadequados.
Manaus vive um momento decisivo: ou consolida essa agenda como política de Estado, acima de gestões e ciclos eleitorais, ou corre o risco de retroceder, desperdiçando investimentos e oportunidades. O futuro sustentável da cidade depende de manter a limpeza e a preservação como compromissos diários — porque o lucro maior está em garantir qualidade de vida e equilíbrio ambiental para as próximas gerações.