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Parintins a festa que pulsa na alma da Amazônia e mora no coração de quem ama cultura, tradição e resistência

Mesmo longe, meu coração Tupinambá pulsa na ilha, onde o tambor não silencia e o Festival de Parintins promete encantar mais de 100 mil almas, embalado pelo fenômeno Isabelle Nogueira

Dora Tupinambá (*)

Falar do Festival de Parintins é falar de pertencimento, de resistência, de orgulho amazônico. É mais que uma festa, é uma declaração de amor à cultura popular, aos povos da floresta, às raízes da Amazônia.

Minha relação com esse festival não nasceu na ilha, mas a ilha nasceu em mim. Começou lá no final dos anos 1980, em Manaus, quando um grupo de jovens apaixonados, liderados por nomes como Braga Neto, Arlindo Júnior, Rey e o Regional Azul e Branco, levou o folclore de Parintins para o coração da capital. O palco? A lendária TVLândia, espaço cultural do grupo TVLar, que virou ponto de encontro de apaixonados pela cultura dos bois.

E que fique registrado: embora a paixão azul comandasse aquele espaço, eles sempre abriram as portas para os artistas do vermelho e branco. As toadas do Garantido também ecoavam ali, mostrando que, antes da rivalidade, existia — e sempre existirá — o amor pela cultura da Amazônia.

Naquelas noites manauaras, o som do “Sal, sal, sal…” embalava meus passos. Eu até imaginei que seria azul. Até que um dia, pisei na ilha. E tudo mudou.

Quando o Boi Garantido entrou na arena, majestoso, filho de Lindolfo Monteverde, senti o tambor bater no meu peito de um jeito que reorganizou minha existência. Ali eu entendi que aquele não era só um boi. Era uma bandeira. Um manifesto. Uma paixão que não tem cura.

Meu sobrenome Tupinambá não veio do sangue, mas veio do amor. Recebi como presente da vida quando me uni ao pai dos meus filhos, Guaraciaba Tupinambá Júnior. Hoje, seguimos em caminhos diferentes, mas seguimos entrelaçados pela missão mais bonita: carregar no nome essa herança amazônica que me orgulha, me honra e me enraíza na Amazônia.

E como dizia meu saudoso sogro, com aquele orgulho legítimo de quem carrega um nome ancestral, “Ela é a mais Tupinambá dos Tupinambás”. E ele estava certo. Porque ser Tupinambá é mais que um nome. É escolha, é afeto, é resistência.

De jornalista a filha da Ilha: uma história de amor e resistência

Tive o privilégio de fazer parte da geração de jornalistas que ajudou a escrever essa história vitoriosa do nosso folclore parintinense.

Caminhei ao lado de gigantes como Rosário e Wilson Nogueira, que me apresentaram ao Garantido, à sua história, sua gente, suas lutas e seus amores. Vi de perto o talento imenso de mestres como Emerson Maia e de Carlinhos Paulain, o guardião da memória, pai do nosso inigualável Israel Paulain, a voz que embala o povo encarnado, trilha sonora que mora no peito de todo garantido.

Este ano, mesmo distante fisicamente, meu coração e minha alma estarão na ilha. E o portal Valor Amazônico, que nasceu para amplificar as vozes, as belezas e as lutas da Amazônia, estará presente, cobrindo cada detalhe do 58º Festival de Parintins, esse espetáculo que é patrimônio do Brasil e orgulho da nossa gente.

A expectativa é de mais de 100 mil visitantes, reflexo do fenômeno que chamamos de “Efeito Isabelle Nogueira”. Nossa cunhã-poranga, que encantou o Brasil no BBB24, virou símbolo da força, da beleza e da resistência da mulher amazônida. Ela fez o Brasil olhar pra cá. E quem olha pra Parintins nunca mais é o mesmo.

Garantido e Caprichoso: rivalidade que vira patrimônio cultural

De um lado, o Boi Garantido, com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, que reafirma sua essência de luta, de resistência, de amor às raízes caboclas, indígenas, ribeirinhas e periféricas da Amazônia.

Do outro, o Boi Caprichoso, com o tema “É Tempo de Retomada”, trazendo sua estética impecável, sua poética, sua defesa dos saberes ancestrais e da Amazônia viva.

Aqui, rivalidade não significa guerra. Significa pulsar. É ela que mantém viva a chama desse espetáculo único no mundo.

Parintins não é só um lugar no mapa. É um lugar no peito

Se Anori é meu berço, Manaus é minha casa, Parintins é minha segunda pátria. E se a vida me fez Tupinambá, foi o Garantido que me ensinou o mais profundo sentido de pertencimento, de amor, de resistência e de fé.

Enquanto houver tambor, arena e toada, eu sou da Baixa do São José, eu sou Garantido, eu sou Tupinambá, eu sou Amazônia.

E o Valor Amazônico estará lá, na ilha, mostrando ao mundo que a Amazônia não é só floresta. É cultura, é arte, é povo, é resistência.

Se você quer acompanhar essa cobertura completa, vibrante e apaixonada, siga o @valoramazonico nas redes sociais e acesse diariamente nosso portal. A Amazônia vive aqui.

(*) jornalista amazonense e colaboradora do Portal Valor Amazônico.

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