Nível do Rio Negro atinge mínimo histórico em meio à prolongada seca no Amazonas
Seca severa marca novembro e atinge recordes em 2024, impactando a vida local e o ecossistema
O Rio Negro continua em descenso e alcançou em outubro de 2024 sua menor cota em 122 anos de medições, fixando-se em 12,66 metros. Essa queda foi mais acentuada e precoce em comparação ao mínimo anterior, registrado em 2023, quando o nível chegou a 12,70 metros no final de outubro. Em 2024, essa marca foi superada quase um mês antes, ilustrando a gravidade da seca.
Especialistas do Serviço Geológico do Brasil (SGB) explicam que as chuvas observadas na região de Tabatinga e na cabeceira do Rio Solimões, que alimentam o Rio Negro, não têm sido suficientes para impulsionar a enchente esperada. O fenômeno El Niño intensificou os impactos da estiagem prolongada, contribuindo para o histórico de baixos níveis das águas. A situação se repete por dois anos consecutivos, impedindo a recuperação plena dos rios da região durante a temporada de cheias.
Impactos e consequências para a região
A persistente baixa do nível do Rio Negro tem provocado sérias consequências para as comunidades ribeirinhas e o ecossistema. As dificuldades de navegação e transporte fluvial afetam diretamente o abastecimento de mercadorias e suprimentos, o que agrava a insegurança alimentar e limita o acesso a serviços essenciais, como saúde e educação. O isolamento forçado de algumas comunidades aumenta a vulnerabilidade das populações locais.
A biodiversidade da Amazônia também sente os efeitos severos da seca. Espécies aquáticas enfrentam perda de habitat e redução de recursos, e as áreas de várzea, fundamentais para a reprodução de diversas espécies, ficam comprometidas. Além disso, a seca prolongada expõe ainda mais a floresta ao risco de incêndios, que têm se tornado mais frequentes e intensos devido à combinação de estiagem e altas temperaturas.
Os impactos econômicos são igualmente preocupantes. Setores como a pesca e o turismo, que dependem do equilíbrio das águas, sofrem retrações significativas. O cenário força os governos e entidades a buscarem medidas emergenciais para mitigar as perdas e preservar os recursos naturais da região.