Eleições municipais de 2024 registram aumento expressivo de participação indígena e quilombola no Norte
Estados do Amazonas, Roraima e Amapá se destacaram pelo aumento de candidaturas e votantes indígenas e quilombolas, refletindo um avanço na representatividade
As eleições municipais de 2024 trouxeram um marco importante na representatividade de comunidades indígenas e quilombolas, especialmente na região Norte do Brasil. Estados como Amazonas, Roraima, Amapá, Acre e Rondônia se destacaram pelo aumento de candidaturas indígenas e quilombolas, além de maior participação dessas populações nas urnas.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a região Norte apresentou um crescimento significativo no número de candidatos indígenas. Em Roraima, o estado com maior proporção de candidatos indígenas, 7,10% das candidaturas registradas foram de povos originários, reafirmando o estado como líder na representatividade indígena.
Esse aumento reflete o engajamento político das comunidades, especialmente dos povos Makuxi, que somam 3.695 eleitores em Roraima. O Amazonas também teve papel de destaque, com 467 candidatos indígenas concorrendo, a maior quantidade entre os estados da Amazônia.
Participação e avanços
Além das candidaturas, a inclusão eleitoral dessas populações foi marcada pela ampliação do número de eleitores indígenas e quilombolas em estados como o Acre, Rondônia e o Amapá.
No Amazonas, o município de São Gabriel da Cachoeira, que historicamente tem o maior número de eleitores indígenas, viu um crescimento no número de candidaturas de representantes locais, consolidando a importância da participação indígena nas decisões políticas da região.
O aumento no número de eleitores e candidatos indígenas e quilombolas é um reflexo direto de políticas voltadas para a inclusão sociopolítica. Iniciativas do governo federal e de organizações locais têm facilitado o acesso ao voto e promovido a conscientização política em áreas remotas. Em Roraima, por exemplo, as comunidades indígenas têm trabalhado para garantir que seus líderes sejam eleitos para defender direitos fundamentais, como o respeito às terras tradicionais e a preservação cultural.
Desafios e representatividade
Apesar desse avanço, desafios como o acesso a zonas eleitorais e a discriminação ainda persistem. No Amapá e em Rondônia, comunidades enfrentam obstáculos geográficos e de infraestrutura que dificultam o exercício pleno da cidadania. No entanto, a força-tarefa de governos estaduais, como o do Amazonas, tem ajudado a mitigar esses desafios, garantindo que a população indígena tenha mais acesso à votação e às informações necessárias para a participação política.
Nas urnas, a vitória de líderes indígenas em cidades como Formoso do Araguaia (TO) e Tocantínia (TO) reafirma o papel crucial dessas comunidades na construção de uma sociedade mais justa e representativa. Da mesma forma, a eleição de prefeitos e vereadores quilombolas em estados como o Pará e o Acre destaca o fortalecimento da voz dessas comunidades no cenário político.
Em suma, as eleições de 2024 marcam uma nova fase de inclusão e representatividade para os povos indígenas e quilombolas, que cada vez mais ocupam seu espaço nas esferas decisórias do Brasil, especialmente na região Norte.