Resistência de gênero vencida aos poucos com crescente presença feminina nos espaços de poder no Amazonas
Nas eleições municipais de 2024, o número de prefeitas e vereadoras eleitas no estado apresenta avanços, indicando uma lenta, mas constante mudança
Dora Tupinambá (*)
As eleições municipais de 2024 no Amazonas trouxeram avanços importantes na representatividade feminina, embora os desafios da desigualdade de gênero ainda sejam evidentes. Neste pleito, 11 mulheres foram eleitas prefeitas no estado, um aumento significativo em comparação com as cinco prefeitas eleitas nas eleições anteriores, em 2020. Esse crescimento de 120% reforça que, aos poucos, a resistência de gênero está sendo superada.
Entre as prefeitas eleitas, estão Nazaré Rocha (MDB), de Amaturá; Kátia Dantas (MDB), de Anamã; Mara Alves (Republicanos), de Careiro; Professora Áurea (MDB), de Eirunepé; e Mercedes (União Brasil), de Jutaí. Essa nova configuração política reflete um avanço nas regiões mais interioranas do estado, onde as barreiras culturais e estruturais costumam ser maiores.
O aumento também se reflete nas câmaras municipais. Em 2020, 12 mulheres foram eleitas vereadoras em todo o Amazonas. Em 2024, esse número subiu para 15, o que representa um crescimento de 25%. Embora esse avanço ainda seja pequeno em relação ao número total de vagas disponíveis, ele simboliza um importante progresso na luta pela equidade de gênero na política local.
Essa evolução, mesmo que lenta, é um reflexo de um cenário mais amplo no Brasil, onde o envolvimento das mulheres na política tem ganhado mais força graças a movimentos sociais e políticas de incentivo à participação feminina. Esses resultados mostram que, ainda que devagar, as mulheres estão ocupando mais espaços de poder e influenciando diretamente o desenvolvimento de suas regiões.
A presença feminina nos espaços de decisão não apenas diversifica a política, mas também leva a um enfoque mais inclusivo nas questões públicas, promovendo políticas voltadas para o bem-estar social, educação, saúde e proteção às mulheres e crianças. O caminho ainda é longo, mas os avanços são evidentes, e a perspectiva é de um futuro com maior igualdade de representação.
Presidente Figueiredo é referência
Nas eleições de 2024, um dos exemplos mais emblemáticos do avanço feminino nos espaços de poder no Amazonas aconteceu em Presidente Figueiredo. Embora a prefeita Patrícia Lopes (União Brasil), a primeira mulher a governar o município, não tenha conseguido se reeleger, sua influência foi decisiva na conquista de quatro cadeiras na Câmara Municipal por mulheres que apoiavam sua reeleição.
Entre os 13 vereadores eleitos, as quatro mulheres que conquistaram suas vagas pertenciam à aliança de Patrícia Lopes, mostrando que, mesmo com os desafios enfrentados, seu legado político ainda reverbera fortemente no município. As eleitas são Juh Campos (Cidadania), Irene Maria (Solidariedade), Enfermeira Mariane Abreu (União), e Areli Medeiros (PSD). Este resultado marca um avanço importante na representatividade feminina no legislativo de Presidente Figueiredo.
* Dora Tupinambá, jornalista, editora do Valor Amazônico
Fotos: ilustração/internet